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Dólar em alta pode afetar petróleo e pressionar a inflação, dizem especialistas

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A forte alta do dólar nos últimos dias - culminando com o rompimento da barreira dos R$ 2 nesta segunda-feira, pela primeira vez em quase três anos - foi classificada como um fator positivo para a economia e a indústria brasileira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas, entre os especialistas, o descontrole na cotação da moeda norte-americana acendeu o sinal amarelo para o futuro da economia nacional.

O motivo para o alerta é o fato de que a alta do dólar é motivada pela deterioração das condições politico-econômicas na Zona do Euro, evidenciada pela iminente saída da Grécia da União Europeia, e o crescimento de possibilidade de derrota de Angela Merkel nas eleições de outubro. Para o gerente de Estudos Econômicos do sistema Firjan, Guilherme Mercês, embora o cenário a princípio melhore, há vários perigos na situação.

"Em um primeiro momento, a alta estimula as exportações, mas no médio e longo prazo o fator determinante para a competitividade das exportações não é o dólar, mas o Custo Brasil. Mas é preciso ter muita atenção para a alta do dólar, porque ela não sera uma solução duradoura, e, além disso, é importante que o país esteja atento. A crise na Europa tem afetado sim as exportações brasileiras e do mundo como o todo. A intensificação do processo certamente irá nos afetar ainda mais".

O gerente executivo da Petrobras, Osmand Coelho Junior, acredita que é preciso saber delimitar o quanto o dólar pode subir, sob pena de problemas para a nossa economia por conta da influência do petróleo, que é fixado em dólar:

"O cenário é interessante. O preço do petróleo alto por um lado é bom, mas o câmbio é sempre uma variável complexa. Temos que fazer uma composição dos dois para buscar sempre o equilíbrio", explica.

A cotação do petróleo, aliás, é um ponto sensível para a nossa economia, de acordo com Gilberto Braga, professor de finanças do IBMEC:

"Tem efeitos positivos e negativos. Ajuda a performance dos produtos exportados, que passam a ser mais competitivos no mercado internacional. E é negativo que parte dos produtos que nós compramos são dolarizados. Insumos e matérias-primas são utilizados na produção interna tem componentes importados e isso pressiona os custos. Uma das coisas que torna mais complexas é o petróleo. A Petrobras vem fazendo uma ginástica para não repassar para o preço para o consumidor final, se essa pressão aumentar isso não pode ser possível", afirma.

Por outro lado, Braga acredita que as exportações brasileiras não serão prejudicadas pela crise do Euro.

"Não acredito nesse momento que isso seja tão relevante, já que o patamar de exportações já vinha relativamente baixo. Não deve haver uma mudança representativa neste quadro por conta disso".

Colaboração: Luciano Pádua